Coluna Maktub com Tchello d' Barros
Tchello d'Barros é entrevistado pela colunista e ativista cultural Jammy Said para a Coluna Maktub
Jammy Said: Embora você more no Rio de Janeiro, tem frequentado a cena cultural de São Paulo. Pode nos contar um pouco dessa conexão paulistana?
Tchello d’Barros: Na verdade, frequento São Paulo desde que iniciei a carreira, em 1993. Lembro de, em 1994, ter tomado um ônibus desde a germânica Blumenau e vir sozinho visitar a Bienal Internacional de Artes, no Ibirapuera, sendo que de lá para cá, visitei todas as edições. Participei de algumas exposições na cidade, visitava Embu das Artes e sempre fazia e ainda faço um périplo pelos museus e galerias da Paulicéia. No pós-pandemia, visitei as recentes edições do SP-Arte e autografei na Bienal do Livro, além de coorganizar um sarau em torno da coletânea “Nós da Poesia -Vol. 08”, para a qual fiz a curadoria de Poesia Visual. Tenho frequentado eventos na Casa das Rosas, como a I Jornada Internacional de Poesia Visual, participado de Lives paulistanas como a do Canal Poetariado e o mais incrível: recentemente fui o homenageado do Sarau Gente de Palavra, no consolidado point literário que é a Livraria Patuscada. Mas o melhor de São Paulo são as pessoas mesmo, então vivo envolvendo artistas paulistas/paulistanos em meus projetos, curadorias e publicações.
J. S.: Sua biografia aponta que já se apresentou em todos os estados do Brasil, circulou por toda América do Sul e nos últimos anos seu trabalho tem circulado em diversos países. Como é esse processo de ser um artista brasileiro, mas de trajetória internacional?
T. d’B.: Minha prioridade foi e sempre será meu próprio país e meu idioma, visto que tenho essa postura nomadista de correr o Brasil de cima a baixo, participando dos mais variados festivais e projetos culturais. Uma hora estou realizando uma curadoria de exposição no Rio Grande do Sul, noutra estou apresentado uma performance no Pará, vez em quando uma publicação em alguma capital nordestina, ou tendo meus videoartes exibidos em Minas Gerais, por exemplo. Porém, com o encurtamento de fronteiras simbólicas nesta era da comunicação digital, tenho recebido cada vez mais convites para projetos fora do país. Na Sérvia, por exemplo, minha exposição “Convergências” foi a mostra convidada para um festival anual lá realizado. Atualmente, acabo de realizar uma mostra de Arte Postal na Colômbia e já há um convite para expor uma individual, com lançamento de livro em Portugal. Minhas criações já foram publicadas/expostas em mais de 20 países. Como se não bastasse, tenho organizado mostras coletivas internacionais aqui no Brasil. Assim é arte brasileira: circulando pelo mundo e ao mesmo tempo oportunizando por aqui que se conheça a produção contemporânea de outros lugares, outras culturas.
J. S.: Literatura, Artes Visuais e Cinema são algumas das linguagens em que suas criações transitam. Podemos lhe considerar um artista multimídia?
T. d’B.: Quando aparecem essas categorizações a respeito de meu trabalho (artista multimídia, artista multilinguagem, polipoeta, artista transdisciplinário, etc), considero oportuno salientar que para cada linguagem houve uma formação: anos passando por várias faculdades (nem sempre completadas em função dos períodos no exterior – atualmente estou num Mestrado na UFRJ) e capacitações em mais de 50 cursos técnicos e conceituais, que vão de Teatro à Fotografia, da Performance à Videoarte. Então, para além de eventuais rótulos, considero-me apenas alguém que escreve e cria imagens. Há quem aprecie minha produção em Poesia Experimental, outros já preferem meus contos na linha do Realismo Fantástico. Nas criações imagéticas, tenho feito exposições individuais, desde imensos painéis pintados até uma série de selos com mandalas criadas em computação gráfica. Então, se me expresso nessa diversidade toda, é simplesmente porque posso, porque amo e porque este é meu estar no mundo...
J. S.: Seus principais livros são no gênero da Poesia, no entanto você é persona frequente nos principais saraus do estado do Rio de Janeiro. Como é sua relação com a Poesia Oral?
T. d’B.: Essa paixão pela Poesia vem desde muito cedo e lembro bem que quando estive na faculdade de Letras. Interessei-me pelas formas-fixas de poemas, daí que tenho livros publicados com sonetos, quadras, haicais e até cordéis. Mas no paralelo sempre houve uma produção - mais tímida, é verdade – em Prosa, com crônicas, contos e ensaios, tanto que meu décimo livro, “Cerúleo Escarlate”, será de contos, em comemoração aos meus 30 anos de carreira. Mas voltando a falar de Poesia, nunca me bastou a poesia escrita, publicada, sempre que possível levo minha produção em versos aos saraus, como o Florescer Nit., um dos mais charmosos, realizado em Niterói. É uma forma de voltar à condição atávica da Poesia, que não surgiu escrita, mas falada, verbalizada, oralizada. Uma das mais transcendentes estesias que se pode ter nessa vida é a vibrante corrente que se forma ao reviver um poema, dizendo-o a plenos pulmões em conexão com os olhares das pessoas presentes. Os saraus são minha cachaça, minha anfetamina...
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